Tensão entre Planalto e Congresso cresce com crise do IOF e ofensiva digital contra Hugo Motta

Tensão entre Planalto e Congresso cresce com crise do IOF e ofensiva digital contra Hugo Motta
Foto: reprodução

Por redação


A derrubada do decreto que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) pelo Congresso Nacional acentuou as tensões entre o Executivo e o Legislativo, alimentando uma guerra de narrativas que vai além da economia e ganhou força nas redes sociais. Termos como “Congresso da Mamata” e “Hugo Mota traidor” dominaram os debates no X (antigo Twitter), revelando o desgaste na relação entre o presidente da Câmara e setores da base governista.


Apesar dos ataques, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, saiu em defesa pública de Hugo Mota, afirmando que a disputa política faz parte da democracia. No entanto, fontes próximas ao governo indicam que, nos bastidores, o Palácio do Planalto comemora o desfecho. Isso porque a crise teria reaproximado o governo de parcelas do eleitorado que vinham se afastando, como a classe média e os trabalhadores de renda mais baixa.


O cientista político Murilo Medeiros analisa que o momento, embora tenso, pode ser estrategicamente positivo para o governo. “Com pouca sustentação parlamentar e popularidade em baixa, o Planalto encontrou nas redes sociais um campo fértil para resgatar sua conexão com setores importantes da sociedade”, afirma.


Auxiliares próximos do presidente Lula têm divulgado pesquisas internas feitas por instituições do mercado financeiro que mostram uma suposta melhora na imagem do governo desde o início da polêmica envolvendo o IOF. Para um influente ministro ouvido sob reserva, “o Congresso deu um presente ao governo”, que vinha sofrendo com os índices de aprovação e agora vê um respiro graças ao discurso renovado de enfrentamento das desigualdades sociais.


A postura ambígua do Planalto — pública defesa de Hugo Mota e comemoração interna da crise — revela um jogo político delicado, em que o governo tenta equilibrar a governabilidade no Congresso com a reconquista do apoio popular.