Tarifaço dos EUA começa a valer e afeta mais de 3,8 mil produtos brasileiros

Tarifaço dos EUA começa a valer e afeta mais de 3,8 mil produtos brasileiros
Trump anuncia aumento de tarifas ao parceiros comerciais dos EUA. Imagem: Carlos Barria - 2.abr.25/Reuters

Por Redação com UOL


Entrou em vigor nesta quarta-feira (6) o tarifaço imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A sobretaxa de 50% foi determinada por decreto do ex-presidente Donald Trump, assinado em 30 de julho. Segundo as regras estabelecidas, a medida atinge mercadorias embarcadas a partir das 0h01 do horário de verão da costa leste americana, 1h01 no horário de Brasília.


O Ministério do Desenvolvimento informou que cargas embarcadas até sete dias após a publicação do decreto, ou seja, até 6 de agosto, e que ingressem nos EUA até 5 de outubro estão isentas da nova tarifa. Produtos já armazenados em solo americano também não serão sobretaxados, desde que sejam destinados ao consumo até essa mesma data. Após isso, passam a ser tributados.


O impacto do tarifaço alcança 95 categorias de produtos, totalizando mais de 3,8 mil itens exportados pelo Brasil aos EUA, conforme dados da Comissão de Comércio Internacional norte-americana. Embora 694 itens tenham sido excluídos da medida, incluindo suco de laranja, aviões, castanhas, gás natural e fertilizantes, a nova política tarifária afeta diretamente cerca de 55% das exportações brasileiras ao país.


Entre os setores mais atingidos estão os de carne bovina e café. Os Estados Unidos são o segundo maior destino da carne brasileira. A nova taxa se soma à tarifa de 26,4% aplicada em janeiro e à de 36,4% imposta em maio, elevando a carga tributária total para mais de 76%. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes alertou que o custo inviabiliza economicamente as exportações para o mercado norte-americano.


No setor cafeeiro, o impacto pode ser parcialmente compensado pelo mercado chinês. No mesmo dia do anúncio do tarifaço, a China habilitou 183 exportadores brasileiros de café. “Não é o ponto final. Vamos intensificar as conversas e mostrar que a tarifa é inadequada para nós, mas principalmente para o consumidor norte-americano”, afirmou Marcos Matos, diretor-geral do Cecafé.


Apesar do aumento das tarifas, a dependência brasileira do mercado dos EUA diminuiu nas últimas décadas. As exportações destinadas aos Estados Unidos representavam 25% do total em 2002 e hoje correspondem a cerca de 12%. Por outro lado, a China é atualmente o principal destino, absorvendo 28% das vendas externas do país.


Trump vinculou a adoção da medida ao processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). Em publicação, afirmou que a forma como o Brasil lida com o ex-mandatário é uma “vergonha internacional” e justificou o afastamento da política tarifária brasileira como uma reação a uma “relação de longa data e muito injusta”.