EUA cancelam Conferência Espacial no Brasil em meio a crises com governo Lula

EUA cancelam Conferência Espacial no Brasil em meio a crises com governo Lula
Foto: Ricardo Stuckert/PR

Por Francês News


Os Estados Unidos cancelaram unilateralmente a 4ª edição da Conferência Espacial das Américas, que seria realizada em Brasília em julho de 2025 em parceria com a Força Aérea Brasileira (FAB). A decisão, comunicada pelo Comando Sul dos EUA (Southcom) no dia 23 de julho, abortou o evento que reuniria representantes de diversos países do continente para discutir a cooperação espacial nas áreas militar, econômica, de telecomunicações e navegação.


Embora não tenham apresentado uma justificativa formal, analistas interpretam o cancelamento como um desdobramento direto da crise diplomática entre os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump. O ponto central do atrito são as acusações públicas do presidente americano, que alega que o governo brasileiro e o Supremo Tribunal Federal (STF) promovem uma "caça às bruxas" contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.


As tensões se intensificaram com medidas concretas de Washington, incluindo a imposição de sanções financeiras contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, a cassação de vistos de outros magistrados e a aplicação de uma sobretaxa de 50% sobre uma série de produtos brasileiros. Essas ações praticamente bloquearam os canais de diálogo tradicionalmente ativos entre os dois países.


Os reflexos do estremecimento bilateral já atingem a cooperação militar prática. A Operação Formosa, principal exercício da Marinha do Brasil, está seriamente impactada. De acordo com apurações, os fuzileiros navais americanos ignoraram o convite para a edição deste ano, e a China comunicou oficialmente sua desistência. Assessores presidenciais chegaram a questionar a conveniência de realizar exercícios com tropas de um país que aplica sanções ao Brasil.


Apesar dos sinais de afastamento, autoridades militares ressaltam que não há um rompimento completo. Eles citam a realização recente do Exercício Conjunto Tápio, em Campo Grande (MS), que contou com aeronaves dos EUA, e a manutenção da Operação Core 2025, programada para novembro, como evidências de que a cooperação técnica em certos níveis ainda se mantém, mesmo em meio à tempestade política.