O que está acontecendo na Ilha de Marajó?

O que está acontecendo na Ilha de Marajó?
Ilha de Marajó virou assunto na internet depois que a cantora gospel Aymeê lançou uma música sobre o local. (Foto: Reprodução/Agência Brasil)

Redação com A Cidade On


Nesta semana, supostos casos de exploração na Ilha de Marajó (PA), voltaram a repercutir na mídia. O assunto veio à tona após a cantora Aymeê lançar a música “Evangelho de fariseus”, na última quinta-feira (15), no programa “Dom reality”, competição musical entre artistas do universo gospel, que é transmitida no YouTube.


O que está acontecendo na Ilha de Marajó?


A música da Aymeê denuncia casos de exploração, tráfico e desaparecimento de menores em Marajó, município com o menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Brasil.


Ao final de sua apresentação, a cantora explicou a canção que ela cantou no reality: “Marajó é uma ilha há alguns minutos de Belém, minha terra”, começou. “Marajó é muito turística e as famílias lá são muito carentes, as criancinhas saem em uma canoa, 6,7 anos, e elas se prostituem dentro do barco por cinco reais”.


Damares Alves usa tema em culto


Aymeê não é a primeira a falar sobre casos de exploração em Marajó. Em 2020, durante um culto evangélico em Goiânia (GO), Damares Alves afirmou que procurava soluções para as denúncias de mutilação e tráfico de menores de idade para exploração na ilha. Na época, a então ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos disse que tinha imagens para comprovar as denúncias.


Após a repercussão da declaração, o MPF (Ministério Público Federal) no Pará solicitou informações mais detalhadas para Damares. Porém, a então ministra argumentou que suas denúncias tinham como base relatos que ouvia “nas ruas” e que não tinha provas.


Com isso, o MPF afirmou que a atitude propagou fake news e causou danos sociais e morais à população do arquipélago. Além disso, o órgão pediu uma retratação pública e indenização de R$ 5 milhões por parte de Damares.


Autoridades fazem denúncias desde 2006


Em abril de 2006, o bispo emérito de Marajó, Monsenhor Dom José Luiz Azcona, apresentou uma denúncia formal ao governo federal e ao presidente da Comissão de Direitos Humanos. Na ocasião, ele reportou na Câmara dos Deputados casos de menores de idade que seriam vítimas de exploração em Portel, também em Marajó.


Na época, o deputado Luiz Couto (PT-PB), viajou para o Pará para apurar as denúncias e retornou com um relatório que contava com depoimentos das vítimas. Parte delas acusava dois vereadores locais por estupro e os fatos foram encaminhados ao Conselho Tutelar.


Já 2015, o bispo Dom José Luis Azcona chamou a atenção para casos de menores que se “ofereciam” aos ocupantes de balsas com o consentimento dos próprios familiares. Na época, a denúncia ganhou repercussão nacional.


Entretanto, em 2023, Dom José Luis Azcona recebeu um pedido da representação diplomática do Vaticano no Brasil para que deixasse Marajó. Por sua vez, a população local reagiu com uma série de protestos em prol da permanência do bispo emérito na ilha.