Por Francês News

O corpo de Jeferson de Souza, alagoano de 24 anos executado com tiros de fuzil por policiais militares em 13 de junho no Viaduto 25 de Março, permanece no IML Central dois meses após o crime. As quatro irmãs de Jeferson, que vivem em Craíbas, alegam não conseguir arcar com os R$ 15 mil necessários para o translado.

As câmeras corporais dos PMs registraram momentos antes do assassinato, mostrando Jeferson chorando e rendido. Os agentes Alan Wallace e Danilo Gehring estão presos preventivamente por homicídio qualificado, mas o Estado não ofereceu qualquer apoio para reparação à família.

Além da dificuldade financeira, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) informou que a identificação oficial depende de exame de DNA, já que Jeferson não portava documentos. A Polícia Técnico-Científica negocia coletar material genético dos familiares diretamente em Alagoas, mas sem prazo definido.

A Rede Apoia, da Defensoria Pública de SP, auxilia a família e estuda ação por danos morais contra o Estado. Para o advogado Ariel de Castro Alves (OAB-SP/Tortura Nunca Mais), o caso evidencia a violência estrutural:

"Ele viveu sem dignidade, porque estava abandonado e morando nas ruas. Foi assassinado de forma cruel por agentes do estado que deveriam protegê-lo. E mesmo após a morte está sendo tratado com indiferença e sem nenhuma dignidade e respeito", denuncia.

A Justiça paulista determinou a prisão dos dois policiais no dia 22 de julho. O MP-SP afirmou que ambos “agiram impelidos por motivo torpe, deliberando matar o suspeito por mero sadismo e de modo a revelar absoluto desprezo pelo ser humano e pela condição da vítima, pessoa em situação de vulnerabilidade social”.