Crescimento do PIB de Alagoas não se reflete na renda da população, que segue entre as mais baixas do país

Crescimento do PIB de Alagoas não se reflete na renda da população, que segue entre as mais baixas do país
PIB melhora, mas pobreza e desigualdade continuam em Alagoas. - Foto: Reprodução/TV Globo

Por Francês News


Um paradoxo marca a economia alagoana: enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) do estado cresceu 3,5% em 2023, alcançando R$ 89,7 bilhões e superando as médias regional e nacional, a renda da população permanece entre as mais baixas do país. Dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV) com base na PNAD Contínua do IBGE revelam que o rendimento domiciliar per capita em Alagoas foi de apenas R$ 1.331 em 2024, o quinto menor do Brasil, bem abaixo da média nacional de R$ 2.069.


O desempenho positivo do PIB alagoano em 2023, que ficou acima das variações do Nordeste (2,9%) e do Brasil (3,2%), contrasta com a realidade das famílias. Economistas alertam que o estado "cresce a partir de uma base muito baixa, o que mascara a gravidade do problema". A renda sobe nominalmente, mas o cotidiano da população segue marcado pela precariedade e dependência de benefícios sociais e empregos informais.


No terceiro trimestre de 2025, Alagoas registrou taxa de desocupação de 7,7%, correspondendo a 101 mil pessoas desempregadas. Mais alarmante é a taxa de subutilização da força de trabalho (que inclui desocupados, subocupados e força de trabalho potencial), que chegou a 25% - a quarta maior do país, atrás apenas de Piauí (29,1%), Sergipe (26,5%) e Bahia (26,2%).


A informalidade atinge 558 mil alagoanos, enquanto apenas 352 mil trabalham com carteira assinada no setor privado. O rendimento médio real habitual ficou em R$ 2.470 no terceiro trimestre de 2025, com crescimento de 4% em relação ao mesmo período de 2024, mas ainda insuficiente para alterar significativamente o padrão de vida da população.


Embora o PIB per capita de Alagoas (R$ 28.675,84) esteja acima da média do Nordeste (R$ 27.681,97) e seja o quarto maior da região, esse indicador não reflete a distribuição efetiva de renda. A concentração de riqueza faz com que o crescimento econômico não se traduza em melhoria substantiva das condições de vida da maioria dos alagoanos, mantendo o estado em um ciclo de pobreza e desigualdade estrutural.