Pesquisador premiado tem bolsa cancelada após cortes de Trump em Harvard
25/04/2025 07:08:09
Por redação com CNN Brasil
O professor laureado, ou seja, um acadêmico homenageado por seu desempenho, que trabalha com diagnóstico precoce de ELA, Esclerose Lateral Amiotrófica, é um dos vários pesquisadores da Universidade de Harvard que receberam ordens de paralisação após o governo Trump congelar mais de US$ 2,2 bilhões em financiamento devido à recusa da universidade em atender às exigências políticas.
David Walt, professor da Escola Médica de Harvard e do Hospital Brigham and Women’s, relatou ter recebido um e-mail na terça-feira (15) do Departamento de Saúde e Serviços Humanos informando que o financiamento para uma bolsa de pesquisa sobre ELA estava sendo imediatamente cancelado.
“Este cancelamento custará vidas”, exclamou Walt.
O projeto do acadêmico se concentrou no diagnóstico precoce e nas opções de tratamento para ELA, também conhecida como Doença de Lou Gehrig, uma condição do neurônio motor que causa paralisia e afeta cerca de 30 mil pessoas nos Estados Unidos.
Sua bolsa valia mais de US$ 300.000 por ano, segundo o jornal estudantil Harvard Crimson.
O cancelamento do projeto ocorre após o governo Trump anunciar, na segunda-feira (14), que congelaria US$ 2,2 bilhões em bolsas plurianuais e US$ 60 milhões em contratos plurianuais em Harvard, após a instituição se recusar a atender às exigências para eliminar programas de diversidade, equidade e inclusão (DEI), proibir o uso de máscaras em protestos no campus e garantir práticas de contratação baseadas no mérito, entre outras medidas.
O reitor de Harvard, Alan M. Garber, declarou que a universidade não “renunciaria à sua independência ou aos seus direitos constitucionais” ao aceitar o acordo, que a Casa Branca enquadrou como um esforço para coibir o antissemitismo nos campi universitários.
Como muitas universidades, Harvard recebe financiamento do governo dos EUA para pesquisa e inovação.
O financiamento federal é a maior fonte de apoio à pesquisa da instituição de ensino, contribuindo com 58% da receita total patrocinada durante o ano fiscal de 2024, conforme a universidade.
O governo Trump tem criticado universidades e faculdades em todos os Estados Unidos, encerrando ou exigindo novas condições para bolsas de pesquisa, deportando estudantes internacionais e cortando o apoio federal geral à pesquisa científica.
Harvard está entre as primeiras instituições de elite a rejeitar diretamente as exigências da Casa Branca, embora outras também tenham demonstrado apoio a universidade após a instituição tornar pública sua posição.
As consequências na universidade da Ivy League foram rápidas — e as consequências serão enormes, alertaram cientistas.
Segundo ele, “os EUA, na minha opinião, estão cedendo nossa liderança em ciência e tecnologia para a China e outros países.”
Há poucos meses, Walt foi laureado com a Medalha Nacional de Tecnologia e Inovação, a mais alta honraria em sua área, concedida pelo presidente dos EUA.
Além do trabalho com a Esclerose Lateral Amiotrófica, o laboratório do professor atua na detecção precoce de doenças neurodegenerativas, câncer e outras doenças infecciosas, para descobrir novos medicamentos com potencial para cura.
“Se conseguirmos resolver qualquer um desses problemas, isso beneficiará muitos, muitos pacientes”, explicou ele. “Tirar essa oportunidade de mim e de outros pesquisadores dedicados, na minha opinião, é uma farsa.”
A Casa Branca redobrou a aposta na terça-feira (15), ameaçando revogar a posição de isenção fiscal da universidade e enfatizando que o presidente Donald Trump “queria que Harvard se desculpasse” pelo “antissemitismo flagrante que ocorreu em seu campus universitário contra estudantes judeus-americanos”.
Ainda não está claro quantos programas no total serão afetados pelo congelamento de verbas — mas os primeiros relatórios sugerem que milhões de dólares em financiamento para pesquisas médicas que salvam vidas já foram cortados.
Outras pesquisas afetadas
Entre os projetos afetados, o professor Donald E. Ingber recebeu duas ordens de paralisação de contratos para o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Biomédico Avançado, que desenvolve vacinas, medicamentos, terapias e ferramentas de diagnóstico para emergências de saúde pública, informou seu assistente.
Um dos contratos rescindidos vale mais de US$ 15 milhões, segundo o Crimson.
Sarah Fortune, professora da Escola de Saúde Pública de Harvard, recebeu uma ordem de paralisação de sua pesquisa sobre tuberculose, segundo uma fonte da instituição com conhecimento das informações.
A pesquisa faz parte de um contrato de US$ 60 milhões do Instituto Nacional de Saúde (NIH) envolvendo Harvard e outras universidades dos EUA, relatou a fonte.
Na sexta-feira (11), antes do anúncio do congelamento do financiamento, um grupo de professores de Harvard processou o governo Trump para bloquear uma revisão de quase US$ 9 bilhões em verbas federais para a instituição de ensino.
A ação, movida pela filial de Harvard da Associação Americana de Professores Universitários, juntamente com a organização nacional, alertou que as ações da Casa Branca “já causaram danos graves e irreparáveis ao interromper pesquisas e investigações acadêmicas em Harvard, incluindo áreas que não têm qualquer relação com acusações de antissemitismo ou outras violações de direitos civis”.
Publicidade

Mais notícias

Putin anuncia anexação de 15% do território ucraniano à Rússia

Autoridade da Saúde chinesa pede para que chineses "não tenham contato com a pele de estrangeiros"

Capital do México é atingida por terremoto "massivo" pela terceira vez na mesma data
