PF descreve funções e atribuições no esquema investigado na Sesau

PF descreve funções e atribuições no esquema investigado na Sesau
Foto: Reprodução

Por Redação*


A Polícia Federal detalhou, no inquérito da Operação Estágio IV, o papel atribuído a cada um dos investigados no suposto esquema de desvio de recursos públicos na Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau). O documento aponta uma estrutura organizada, com divisão de funções entre liderança, operadores financeiros, facilitadores administrativos e empresários beneficiados por contratos públicos.


Gustavo Pontes de Miranda Oliveira


Ex-secretário de Estado da Saúde, é apontado pela PF como líder da organização criminosa. Segundo a investigação, utilizou o cargo para beneficiar a clínica Núcleo de Ortopedia e Traumatologia (NOT), empresa da qual foi sócio até junho de 2023, mas sobre a qual teria mantido controle de fato. O inquérito indica que ele autorizou credenciamentos precários e pagamentos indenizatórios de alto valor, sendo o principal beneficiário dos recursos desviados. Parte do dinheiro teria sido usada para ocultação patrimonial em nome de terceiros, incluindo familiares e pessoas próximas, além do recebimento de vantagens indevidas de fornecedores da Sesau.


Reinaldo Fernandes Júnior


Ex-sócio de Gustavo e atual administrador da NOT. Conforme a PF, atuou como principal operador do esquema dentro da clínica, gerenciando os repasses públicos após assumir formalmente a empresa. Participava da majoração artificial de procedimentos médicos para inflar o faturamento e assinava cheques usados para saques em espécie, que eram operacionalizados por terceiros.


Andreia Araújo Cavalcante


Apontada como interposta pessoa utilizada para ocultação patrimonial. O inquérito aponta movimentações financeiras incompatíveis com seus rendimentos. Segundo a PF, utilizou recursos oriundos da NOT e de empresas fornecedoras da Sesau para aquisição de imóveis em Brasília e Maceió. Também ocupava cargos comissionados na Assembleia Legislativa de Alagoas e na própria Sesau, sem exercício efetivo das funções.


Luiz Dantas Vale


Servidor estadual descrito como braço operacional do grupo. Atuava na organização logística, compra de passagens aéreas, intermediação de encontros e auxílio na aquisição de imóvel em nome de Andreia. Também teria auxiliado na ocultação patrimonial e no transporte de valores.


Raul Pereira Lima


Funcionário de confiança de Gustavo e apontado como principal operador financeiro do esquema. Embora formalmente vinculado a órgãos públicos, exercia funções de assessor e motorista do então secretário. A PF afirma que ele movimentou valores muito superiores à sua renda, realizou saques vultosos em espécie, pagou despesas pessoais da família de Gustavo e repassava recursos diretamente ao núcleo central.


José Mendes Leite Teixeira


Apontado como operador financeiro secundário. Segundo o inquérito, movimentou recursos incompatíveis com sua renda e auxiliou na ocultação patrimonial em favor do ex-secretário.


Luciano André Costa de Almeida


Assessor especial da Sesau. Conforme a PF, participou de operações financeiras destinadas ao pagamento de imóvel adquirido em nome do filho de Gustavo, realizando transferências coordenadas com empresários fornecedores da pasta. Também teria atuado em outras transações em favor de terceiros ligados ao esquema.


José Adelson Maciel de Moraes


Empresário e proprietário da CHMMED. É apontado como corruptor ativo, pagando vantagens indevidas em troca de favorecimento em contratos com a Sesau. Segundo a investigação, transferiu recursos para operadores do esquema, quitou parcelas de imóvel em nome do filho do secretário e simulou concorrência em contratações diretas.


Wendle Ferreira Neves


Descrito como interposta pessoa de José Adelson. Tornou-se formalmente proprietário da CHMMED após a saída do empresário do quadro societário, com o objetivo de ocultar a real propriedade da empresa, representando-a em contratos com a Sesau.


Luciano Neves Garcia


Empresário e dono da NG Engenharia. Segundo a PF, atuou como corruptor ativo e foi beneficiado por contratos emergenciais milionários com a Sesau. O inquérito aponta transferências mensais para Andreia, com indícios de que os valores tinham como destinatário final o ex-secretário.


Luciana de Fátima Leite Pontes de Miranda


Esposa de Gustavo. A PF aponta que foi beneficiária direta e indireta dos recursos desviados. Recebeu valores da NOT e de pessoas ligadas ao esquema, além de figurar com o marido em hipoteca do imóvel sede da clínica. Também ocupa cargo na Câmara dos Deputados.


Henrique Pereira de Lima


Irmão de Raul e responsável pela gestão de propriedades rurais atribuídas a Gustavo. Recebeu recursos de integrantes do esquema, administrava fazendas do ex-secretário e teve despesas pessoais custeadas com dinheiro movimentado pelos operadores financeiros.


Aline Felix Santiago Pereira


Companheira de Henrique. Segundo a investigação, foi utilizada como interposta pessoa para pagamento de despesas ligadas às propriedades rurais, com faturas de cartão de crédito quitadas por operadores do esquema.


Gustavo Pontes de Miranda Oliveira Filho


Filho do ex-secretário, apontado como beneficiário indireto. De acordo com a PF, adquiriu imóvel de alto valor com pagamentos realizados por empresários favorecidos e assessores da Sesau. Também teve despesas pessoais e educacionais custeadas por operadores financeiros.


Neurivan Calado Barbosa


Auditor estadual e um dos fundadores da NOT. É investigado por possíveis falhas ou conluio em auditorias que resultaram em glosas mínimas, apesar de indícios de superdimensionamento de procedimentos médicos.


Franklin Pedrosa de Carvalho


Médico e auditor da Sesau. Participou da elaboração de relatórios de auditoria da NOT, validando atendimentos sob suspeita de inflar valores pagos pelo Estado.


Yuri Amaral Almeida


Gerente de Suprimentos da Sesau. Conforme o inquérito, atuou no direcionamento de contratações emergenciais em favor da CHMMED, elaborando pareceres técnicos e posteriormente fiscalizando contratos que ele próprio ajudou a estruturar.


Lucas Mateus Barros Monteiro


Assessor técnico da Sesau. A PF aponta que teve papel central em contratações emergenciais direcionadas à NG Engenharia, elaborando termos de referência, justificativas e medições, concentrando funções estratégicas nos processos.


Com Vanessa Alencar/Cada Minuto.