Arquidiocese de Maceió aciona Justiça para cobrar prestação de contas de R$ 3,1 milhões da Fundação Recriar
30/05/2025 06:45:59
Por redação
A Arquidiocese de Maceió ingressou, no último dia 22 de abril, com uma ação judicial na 6ª Vara Cível da capital alagoana para cobrar a prestação de contas da Fundação Recriar. O processo, movido pelo arcebispo Dom Beto Breis, busca esclarecer a aplicação de R$ 3.120.000,00 destinados a projetos sociais voltados ao acolhimento e reinserção de dependentes químicos e pessoas em situação de rua.
O pedido judicial tem como alvos o padre Walfran Fonseca, ex-diretor tesoureiro da Fundação Recriar, e Ronnie Rayner Teixeira Mota, ex-presidente do Conselho Fiscal da entidade. Ambos são intimados a apresentar à Justiça relatórios detalhados sobre a execução de pelo menos dez projetos sociais, financiados com recursos públicos federais entre os anos de 2018 e 2024.
Segundo a ação, a Fundação Recriar funcionava dentro da estrutura da Arquidiocese, na Avenida Dom Antônio Brandão, no bairro do Farol, em Maceió, e atuava como guarda-chuva para dez comunidades terapêuticas. Apesar da magnitude dos recursos envolvidos e da abrangência dos programas, os novos gestores nomeados por Dom Beto relatam não ter tido acesso à documentação financeira da gestão anterior, o que motivou a judicialização.
Em nota oficial, a Arquidiocese explicou que a medida “segue orientações firmes da Santa Sé” e visa exclusivamente “assegurar que sejam devidamente prestadas as contas correspondentes”. A nota ressalta ainda que não se trata de uma acusação penal, mas de uma ação cível, diante da ausência de informações e documentos.
Entre os contratos destacados na denúncia, estão seis termos de fomento ainda pendentes de prestação de contas, com valores que variam de R$ 100 mil a R$ 1 milhão, destinados à oferta de cursos de formação profissional nas áreas de padaria, marcenaria, serralheria, costura, idiomas, empreendedorismo e outras oficinas de capacitação. O objetivo era reintegrar socialmente os acolhidos pelas comunidades terapêuticas.
A Arquidiocese aponta também que, apesar de não haver denúncia formal de furto, há suspeitas de desvio de finalidade e má gestão dos recursos. A ação traz registros de “relatos referentes ao não cumprimento dos objetivos dos termos de fomento firmados”, além de suspeitas de favorecimento pessoal.
As irregularidades mencionadas ocorreram durante a gestão do arcebispo emérito Dom Antônio Muniz, que renunciou ao cargo no início de abril de 2024. Desde que assumiu o comando da Arquidiocese, Dom Beto realizou mudanças estruturais, promovendo uma "intervenção branca" na Recriar e afastando seus antigos dirigentes, incluindo o padre Walfran Fonseca, também ex-diretor financeiro da Fundação Leobino e Adelaide Mota.
Além do processo envolvendo a Recriar, o padre Walfran é citado em outras ações judiciais, incluindo uma acusação de crime ambiental por extração irregular de areia em terreno da Igreja, no litoral sul de Alagoas, arrendado à empresa Mandacaru Extração de Areia. A atividade foi suspensa judicialmente após pedido da atual administração arquidiocesana.
A Arquidiocese reafirma, em nota, seu compromisso com a transparência, a boa gestão dos bens e a responsabilidade administrativa, princípios que, segundo a instituição, estão em consonância com as diretrizes da Santa Sé sob os pontificados do Papa Francisco e, mais recentemente, do Papa Leão XIV.
O processo será julgado pelo juiz Ney Costa Alcântara de Oliveira. A Arquidiocese é representada pelo escritório do advogado Hugo Sarubbi Cysneiros, com sede em Brasília. Até o momento, os citados na ação não se pronunciaram.
Publicidade

Mais notícias

Confira como será a previsão do tempo para Alagoas neste fim de semana

Alagoas lidera ranking nacional em gastos de turistas, segundo o IBGE

Mais de 554 mil alagoanos já ativaram o e-Título, versão digital do título de eleitor

Três tremores de terra são registrados no período de cinco dias em Alagoas
