Por redação

O indígena Manoel Cícero Ferreira foi condenado a 19 anos e três meses de reclusão, em regime inicialmente fechado, pelo assassinato de Anderson Firmino da Silva, também indígena. O julgamento ocorreu nesta quinta-feira (29), por meio de Júri Popular, em Palmeira dos Índios, no Agreste de Alagoas.

Segundo o Ministério Público de Alagoas (MPAL), o crime foi classificado como homicídio qualificado, cometido por motivo fútil e mediante traição. A motivação, de acordo com a denúncia, teria sido uma dívida de apenas R$ 5,00. O crime ocorreu em 25 de setembro de 2022, na Aldeia Fazenda Cantos, território da etnia Xukuru-Kariri, zona rural do município.

Testemunhas relataram que os dois estavam ingerindo bebidas alcoólicas no momento do crime. Após um desentendimento, aparentemente encerrado com um pedido de desculpas da vítima, Anderson foi surpreendido com um golpe de faca no pescoço no momento em que subia em sua motocicleta. Mesmo ferido, ele conseguiu pilotar até pedir socorro, mas morreu dias depois no hospital de Arapiraca, devido à gravidade do ferimento, segundo o laudo do Instituto Médico Legal (IML).

Para o promotor de Justiça João de Sá Bomfim Filho, que atuou no caso, o crime é particularmente preocupante por ter ocorrido entre membros da mesma comunidade indígena. “Um crime intracomunitário como esse, além de gerar mal-estar entre os habitantes das aldeias Xukuru-Kariri, choca a sociedade. Nesse caso, não houve o respeito entre eles, mas sim a traição da confiança”, afirmou.

Manoel Cícero não confessou o crime, apresentando uma versão considerada inverossímil pelo Ministério Público. Anderson Firmino deixou duas filhas menores de idade. Segundo relatos familiares, a filha mais nova foi profundamente afetada emocionalmente com a perda do pai, que era responsável por sustentar e cuidar da família.