Imagens desmentem versão de PMs sobre morte de alagoano em situação de rua em SP

Imagens desmentem versão de PMs sobre morte de alagoano em situação de rua em SP
Foto: reprodução

Por Redação


Imagens de câmeras corporais desmentiram a versão apresentada por dois policiais militares envolvidos na morte de Jeferson de Souza, de 40 anos, natural de Alagoas e em situação de rua. Ele foi executado com três tiros de fuzil durante abordagem no Centro de São Paulo, na noite de 13 de junho.


De acordo com o Ministério Público de São Paulo, Jeferson estava sentado, com as pernas cruzadas e as mãos para trás, chorando, no momento em que foi alvejado na cabeça, tórax e braço. As imagens registradas pelas câmeras corporais mostram que ele não esboçou qualquer reação violenta ou tentativa de fuga. Um dos policiais, inclusive, cobre a lente da câmera no momento da execução.


Com base nos registros, o MP denunciou os PMs Alan Wallace dos Santos Moreira, tenente da Força Tática, e Danilo Gehring, soldado, pelos crimes de homicídio doloso, falsidade ideológica e obstrução da Justiça. A Justiça acatou a denúncia e determinou a prisão dos dois, que estão custodiados no Presídio Militar Romão Gomes desde 22 de julho.


Inicialmente, os policiais alegaram que a vítima teria tentado tomar a arma de um dos agentes e que se tratava de um foragido da Justiça por crimes como ameaça e estupro. No entanto, até o momento, a Polícia Civil não confirmou antecedentes criminais nem conseguiu identificá-lo oficialmente por meio das digitais.


A defesa do tenente Alan alegou legítima defesa. Já a defesa do soldado Danilo não foi localizada. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo repudiou a conduta dos envolvidos e informou que a Corregedoria da Polícia Militar instaurou inquérito para apuração do caso.


Na decisão que determinou a prisão preventiva dos agentes, a juíza Luciana Scorza afirmou que a vítima estava rendida e não oferecia qualquer risco à guarnição. Para a magistrada, os policiais agiram com “sadismo” e demonstraram “absoluto desprezo pelo ser humano”.


O porta-voz da Polícia Militar de São Paulo, coronel Emerson Massera, também condenou a ação dos PMs. “É uma ocorrência sem nenhum respaldo jurídico. Nos envergonha muito. O vídeo contraria completamente a versão apresentada. A vítima estava tranquila, conversando, e do nada o tenente efetua três disparos de fuzil. É uma conduta inaceitável e vergonhosa”, declarou.


Dados da Secretaria mostram que, entre janeiro e maio de 2025, São Paulo registrou 299 mortes decorrentes de ações policiais — quase duas por dia. No mesmo período de 2024, foram 311 casos. Desde o início de 2023, ao menos 517 policiais militares foram presos e outros 351 demitidos ou expulsos da corporação.